Redação Nota 1000 - Política de Cotas


Pela política de Cotas: enquanto houver desigualdade racial

por Carla de Fátima Gervásio



            A questão da desigualdade racial e da política de cotas é algo muito discutido por diferentes grupos. De um lado, posicionam- se as pessoas que reconhecem a existência de desigualdade racial no Brasil e são, portanto, a favor das cotas raciais, que possibilitam aos grupos historicamente excluídos, como negros e pardos, maior acesso às universidades. De outro lado, estão aqueles que são contra as cotas raciais, baseando-se no argumento de que todos os indivíduos são iguais perante a lei. Além disso, existem os que consideram as cotas como uma solução temporária, mas não ideal, para o problema da desigualdade racial.
            O que parte da sociedade que se opõe à política de cotas não quer ver é a tamanha desigualdade racial existente no Brasil, mesmo o país possuindo uma população formada por 50,7% de negros e pardos.É possível perceber que existe algo de errado em um país que, embora possua quase metade da população negra, oferece a apenas 2% dessa população acesso às universidades públicas.
            Com tanta desigualdade é, sim, necessária a existência de uma política de cotas raciais.Através dela,os grupos historicamente excluídos terão a chance que praticamente só pertencia às pessoas com maior poder aquisitivo, majoritariamente brancas. Se forem as políticas de ação afirmativa que vão colocar a população pobre e negra nas universidades, porque dizer não elas?Além disso, as cotas vão proporcionar uma diversidade cultural e étnica saudável às universidades, tradicionalmente tão elitistas.
            O estado brasileiro, portanto, cumpre papel importante através de programas que promovem a igualdade racial e a inclusão social. Tais políticas, ao contrário do que se costuma dizer, podem ajudar a combater o preconceito racial.


Diversidade Desigual

por Letícia La Rocca

            Somos mundialmente conhecidos como o país da diversidade, da miscigenação. Aqui se celebram as diferenças, convive-se “sem preconceitos”. Essa ideia circula pelo senso comum, idealizando descaradamente a sociedade brasileira.
            País com aproximadamente 50,7% de negros, contra 47,7% de brancos, 1,1% de amarelos e 0,4% de indígenas (de acordo com dados do IBGE/2010), o Brasil ainda carrega consigo um gritante índice de desigualdade social que tem, inegavelmente, um componente racial. Não é preciso ir muito longe para constatar as consequências do nosso passado escravagista. Teoricamente abolida em 1888, na prática, a escravidão estendeu-se por anos, marginalizando o cidadão negro e oferecendo escassas, ou até nulas oportunidades para esse grupo. Basta visitar uma favela brasileira hoje para ver com os próprios olhos o reflexo de anos de escravidão: a maioria dos moradores é negra. Não coincidentemente, nas escolas públicas, o cenário é o mesmo - e não acredito ser necessário relembrar a qualquer um a qualidade do ensino público brasileiro.
            Quando o assunto é a política de cotas raciais para as universidades brasileiras, não se pode ignorar, dentre tantos, os fatores acima. Não se pode fechar os olhos para a realidade na qual se vive diariamente no nosso país. É um erro se fechar na zona de conforto da classe média alta e assumir que, no Brasil, são dadas a todos as mesmas oportunidades, ou, ainda, que o ingresso em uma faculdade pública hoje dá-se somente pelo empenho do estudante. Trata-se de mais do que uma questão de mérito - o débito social que, como nação, temos com os negros não nos permite simplesmente nos esconder atrás de uma falsa democracia. Não se faz justiça dando a todos um mesmo banco para alcançar a altura de um muro, desconsiderando a diferença de altura entre estas pessoas. Da mesma forma, não se manifesta a justiça sem que se garanta  a todos as mesmas oportunidades.  
            Se as cotas raciais são, como afirmam seus opositores, uma medida tomada   “apenas para remediar" e não para solucionar o problema, pouco importa. Enquanto não são feitos fortes investimentos na educação do país, devemos encarar as cotas raciais como uma medida provisória necessária - pelo menos até quando nossa diversidade deixe de ser sinônimo de desigualdade.


A falsa democracia racial

por Christian Silva Franco

    "Todos somos iguais e temos as mesmas oportunidades, basta trabalhar e estudar para vencermos na vida". Será?
     Atualmente, o Brasil vive uma grande contradição: ao mesmo tempo em que o país está enriquecendo, os pobres continuam pobres e os ricos vão ficando mais ricos. Isso não se deve ao fato de não existirem riquezas para todos, e sim ao fato dessa riqueza ser concentrada nas mãos de uma parcela ínfima da sociedade, principalmente nas das pessoas da cor branca.
     Nosso país viveu cerca de 350 anos afundado nas trevas da ignorância, chamada de escravidão. Um retrocesso tanto humano quanto econômico. Por 350 anos os negros foram privados de qualquer tipo de assistência, oportunidades de estudo e possibilidade de terem uma vida digna, simplesmente pela cor da sua pele. Com a ascensão do capitalismo e a grande produção em massa, era preciso vender os produtos para movimentar a economia, e, por questões óbvias, os escravos não podiam comprá-los. Esse foi o principal motivo do fim da escravidão, e não a bondade sincera de princesa alguma.
     O grande problema é que os negros libertos foram abandonados à própria sorte e se viram obrigados a mendigarem nas ruas e a ocupar os morros, tendo que "matar um leão" por dia para sobrevirem, e essa história tem consequências até os dias atuais. A escravidão acabou, mas o preconceito não.  Não é atoa que temos muito mais raiva do pivete que rouba uma bolsa, do que do político que rouba milhões.
     A implantação das cotas raciais - por mais que se possa questionar o fato de adiarem soluções mais definitivas e “justas” como a melhoria da qualidade da escola pública - não deixa de ser uma grande conquista, que foi conseguida através de muita luta da população negra. O racismo não irá acabar com palavras, e sim com exemplos: mais negros juízes, advogados, médicos, empresários...
     Se pegarmos as estatísticas,comprovaremos que as oportunidades não são as mesmas para negros e brancos, e as cotas raciais não são uma nova forma de preconceito, e sim uma política necessária , que já deveria ter sido implantada há muito tempo.



2 comentários:

  1. Olá! Antes de mais nada sugeria que corrigisse os erros de gramática que têm nos textos.

    Hoje me sinto prejudicado pelas cotas, pois numa universidade são 5 vagas pra brancos que estudam em escolas públicas e 15 para negros que estudam em escola pública.

    Analisemos a situação: Eu e meu amigo negro, estudamos na mesma escola, recebemos a mesma educação, ele NUNCA sofreu preconceito na escola -- e mesmo se sofreu, não justifica o fato das cotas, aliás sofrer racismo não os tornam mais burros -- e, além do mais, a família dele é melhor economicamente que a minha. E mesmo com toda essa igualdade, ele tem privilégios para entrar e eu não, pelo simples fato de carregar o fardo de ser branco? Isto por um acidente biológico, pois eu poderia ter recebido a cor da pele de minha mãe, mas não rolou.

    Por que os negros tem 15 vagas e os demais estudantes de escola pública tem 5? O fato de serem negros dão a eles superpoderes? Ou o simples fato de eu ter nascido com a pele branca e ele com a pele negra, me torna mais inteligente que ele e ele consequentemente mais burro (mesmo recebendo a mesma educação)?

    Não sei se perceberam mas aceitar cotas pra negros é assumir a própria incapacidade diante os demais: "eu sou tão incapaz que preciso de cotas para entrar numa faculdade, pois mesmo tendo a mesma educação, não consigo tirar uma nota melhor ou igual a do branco."

    NEGROS NÃO SÃO NEGROS, SÃO SERES HUMANOS.
    BRANCOS NÃO SÃO BRANCOS, SÃO SERES HUMANOS.
    E, SENDO SERES HUMANOS, ELES SÃO CAPAZES DE ALCANÇAR AS MESMAS COISAS.

    segue um texto que escrevi há alguns dias sobre este assunto:


    Assistir a um vídeo do Emicida falando que o Brasil é racista. E com aquele discurso que devemos valorizar as diferenças. O mesmo discurso de sempre.
    Nunca vi em lugar algum a política de valorizar diferenças dar certo. O Hitler valorizou diferenças. No apartheid valorizaram as diferenças, e acabaram em mortes e mais mortes. Não sei qual a lógica tem isto: “valorizar as diferenças para tornarmos iguais”. Garoto, se você grita aos quatro cantos que você é negro, que devem valorizar a sua “diferença”, as pessoas irão te tratar como diferente. Você quer que as pessoas valorizem aquilo que elas deveriam esquecer.
    É o mesmo que falar de cotas para negros. É um atestado de incapacidade: “eu sou negro, sou incapaz, sou mongoloide e preciso de cotas para entrar em uma universidade, por que os brancos opressores são melhores que eu.”
    E aquela história de “dívida histórica” já começa errado. PRIMEIRO, quem venderam os escravos negros para os portugueses foram os próprios negros. Então a culpa não está nos portugueses, mas nos negros que vendiam negros como escravos. SEGUNDO, quem trouxeram os negros para cá foram os portugueses há séculos atrás e não eu que nasci no século XX. TERCEIRO, se querem cobrar a dívida histórica façam o favor de ir no inferno (ou no céu) buscar com as almas dos malvados portugueses.
    Para mim o único que tem uma dívida histórica é o Seu Madruga que deve quatorze meses de aluguel para o Seu Barriga (E isto aqui aprendi com o Jair Bolsonaro). O resto é propaganda e conversa fiada.
    VESTIBULARES E CONCURSOS, é pra medir sua CAPACIDADE e não sua INCAPACIDADE de passar em uma prova.
    O que quero dizer com isto, é que, quanto mais falamos em consciência negra, em valorizar as diferenças, mais damos atenção a elas, e cada vez mais parece que somos mesmos diferentes.
    Quer viver sem racismo? SEJA UM DALTÔNICO.
    Perguntaram para o Morgan Freeman sobre o que ele achava sobre o mês da consciência negra, ele disse que aquilo era ridículo, e continuou dizendo: “O dia em que pararmos de nos preocupar com Consciência Negra, Amarela ou Branca e nos preocuparmos com Consciência Humana, o racismo desaparece."

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    1. fardo de ser branco ?essa frase tira qualquer credibilidade do que você diz porem cheguemos ao ponto que realmente é relevante se você nâo entende ou nao percebe as cotas sao uma açãos compensatoria pela escravidão que gerou a impossibilidade dos negros irem a faculdade enquanto a maioria de dos brancos se formava e ocupava a maioria dos cargos de dignidade enquanto aos negros ficava conferido o dever das tarafes indignas nao se trata de ser burro ou inteligente se trata de oportunidade que foi por varios seculos negada a todos os negros nao a um ou dois nos somos maioria base da cultura desse pais e mesmo assim nossa papel na histria é resumido a ser escravo

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