terça-feira, 1 de outubro de 2013

Programação Especial da Rádio-escola - Feira do Livro 2013

Durante a Feira do Livro do C.A. João XXIII, ocorrida no mês de setembro, houve uma seleção de músicas para serem tocadas na Rádio-escola, cujas letras eram originalmente poemas ou relacionadas à Literatura, de alguma forma.
Segue abaixo exemplos dessas músicas, algumas delas com o link para ver os clipes no youtube:

Adriana Calcanhoto - Ciranda de Bailarina
Barão Vermelho - Amor pra recomeçar
Chico Buarque - Construção <http://www.youtube.com/watch?v=P7mHf-UCZp0>
Chico Buarque - João e Maria
Chico Buarque - Morte e vida severina <http://www.youtube.com/watch?v=uL9cDmQxMwo>
Chico Buarque & Milton Nascimento - Cálice <http://www.youtube.com/watch?v=26g1jQG-n4Y>
Fábio Júnior - A arca de Noé - A porta
Fagner e Zé Ramalho - Canteiros
Kid Abelha - Ouvir estrelas
Legião Urbana - Monte Castelo
Maria Creusa e Vinícius de Morais - Eu sei que vou te amar
Paulo Diniz - E agora José
Pedra Letícia - História de uma gata
Raimundo Fagner - Fanatismo
Secos & Molhados - Rosa de Hiroshima
Vinícius de Morais - A arca de Noé - O pato <http://www.youtube.com/watch?v=qqOTioSeif4>


Uma das músicas listadas é feita com base no poema E agora, José, de Carlos Drummond de Andrade, que segue abaixo:

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,

seu terno de vidro, sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, pra onde?

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